2011-02-09

Canção ao Lado


Desculpem doutos homens, estetas,
Espíritos poetas, almas delicadas,
A falsidade do meu génio e das minhas palavras.

Que é a erudição que eu canto,
Que é da vida: o espanto, que é do belo: a graça,
Mas eu só ambiciono a arte de plantar batatas.



Desculpem lá qualquer coisinha
Mas não está cá quem canta o fado.
Se era p'ra ouvir a Deolinda,
Entraram no sítio errado.
É que nós estamos numa casa ali ao lado.
Andamos todos uma casa ao nosso lado.


Bem sei que há trolhas escritores,
Letrados estucadores e serventes poetas;
E poetas que são verdadeiros pedreiros das letras.

E canta em arte genuína, o pescador humilde,
A varina modesta;
E tanta vedeta devia dedicar-se à pesca.

refrão

Por não fazer o que mais gosto
Eu canto com desgosto, o facto de aqui estar;
E algures sei que alguém mal disposto ocupa o meu lugar.

Ninguém está bem com o que tem...
E há sempre um que vem e que nos vai valer;
Porém quase sempre esse alguém não é quem deve ser.

refrão

E é a mudar que vos proponho!
Não é um passo medonho nem negras utopias;
É tão simples como mudar de posto na telefonia.
Proponho que troquem convosco
e acertem com a vida!

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